A presença e a autoridade de Jesus na Missão – uma questão de confiança
25/03/2024
“...E eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos.” (Mateus 28.20b)
“ ...Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra.” (Mateus 28.18b)
A presença
Na Grande Comissão, os discípulos são ordenados a espalhar o evangelho das boas novas por todo o mundo em nome e sob a autoridade e poder de Jesus. A responsabilidade deles não é fácil: ir, fazer discípulos de todas as nações, depois batizá-los e instruí-los. Por outro lado, eles não são deixados para cumprir essa grandiosa tarefa sozinhos. O Senhor Jesus, ressuscitado e exaltado, promete estar com eles no seu cumprimento; não ocasionalmente, mas para sempre. Ele, a quem toda a autoridade foi confiada, é aquele que se compromete com os seus seguidores, dando-lhes total garantia e confiança na promessa de estar com eles sempre.
Os Evangelhos começam com a certeza de que quando Jesus veio à terra, Deus estava com o seu povo (conforme Mateus 1.23), e termina com a promessa de que a própria presença de Jesus nunca desvanecerá ante aqueles que fielmente seguirem os seus passos. Os seguidores perceberão que, além de ter uma companhia maravilhosa ao longo da vida, eles terão o auxílio do Deus de todo o poder que estará sempre com eles. Portanto, há uma presença poderosa entre os que seguem a Jesus.
A presença de Jesus entre seus discípulos é de cunho espiritual e eterno. A sua presença corporal estava confinada à duração da sua vida terrena, mas a sua presença espiritual não está sujeita às mesmas restrições, pois o Emmanuel, Deus conosco, habita entre o seu povo de forma divina e eterna. Isso significa que no coração dessa nova comunidade de fé estará o próprio Senhor ressurreto (como ele mesmo havia predito em Mateus 18.20). Porque Ele é aquele que possui e controla toda a autoridade e poder no céu e na terra, e seus discípulos são agora alimentados diariamente por sua presença constante entre eles.
A autoridade
Antes que o mundo fosse criado, o Pai delegou toda a autoridade, incluindo a de rei e juiz, ao seu Filho. E agora, ressuscitado, ele aparece como rei supremo. O seu reino nunca fracassará nem desaparecerá, pois o seu reinado é eterno. Essa declaração faz referência ao profeta Daniel (7.13-14 ARA), que diz “eis que vinha... um como o Filho do Homem” e que “Foi-lhe dado domínio, glória e o reino”, e “...seu domínio é domínio eterno”. Essa autoridade lhe foi concedida por Deus, o Pai. Isso também é percebido por causa da forma passiva da locução verbal “foi dado”, demonstrando que essa autoridade e poder originam-se diretamente do próprio Deus. Por isso, essa declaração tem sido considerada, segundo Grant Osborne, como a “entronização do Messias como governante e juiz escatológico”.
A autoridade que Jesus detem foi enfatizada por toda a Escritura, principalmente nos Evangelhos. Ele mesmo diz “todas essas coisas me foram dadas por meu Pai” (em Mateus 11.27). Sua autoridade foi destacada em várias ocasiões, incluindo as seguintes passagens: Lucas 6.17-19 (autoridade para curar todos); Marcos 1.22 (autoridade em suas palavras); Mateus 8.9 (autoridade para comandar); Lucas 8.26-39 (autoridade sobre os demônios); Marcos 2.1-12 (autoridade para perdoar pecados); Mateus 10.1 (designação de sua autoridade aos discípulos); Mateus 13.41 (autoridade para julgar); Lucas 20.1-8 (autoridade para realizar suas obras), dentre outras. Isso implica que aquele que foi entregue ao poder dos outros, em sua humilhação, é agora aquele que exerce poder e controle sobre tudo e todos. Conclui-se então que a sua afirmação de autoridade em Mateus 28.18 fornece assim o fundamento básico para a Grande Comissão.
Esse exercício bem definido de autoridade é dado a Ele como a vindicação culminante de sua humilhação (conforme Filipenses 2.5-11). Assim, Ele, tomando a forma de servo, se humilhou e se esvaziou sendo obediente até a morte de cruz. Por isso Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu um nome acima de todo nome. Essa autoridade lhe foi conferida na pessoa do Mediador; portanto, toda a autoridade do Pai é mediada no Filho. O seu reino de autoridade e domínio se torna, enfim, um ponto de virada na história da redenção do povo de Deus para sempre.
Por fim, essa autoridade é indiscutível e aplicável em todos os lugares, ou seja, ela é absoluta e universal. Seu reinado serve agora, segundo D. A. Carson, como um marcador escatológico inaugurando o início de sua missão universal. Isso não é porque o seu ensino e as suas obras tinham menos autoridade do que o que Ele diz e faz hoje; as suas palavras, como as de Deus Pai, não podem passar (conforme Mateus 24.35). Em vez disso, os círculos em que Ele agora possui controle total são expandidos de tal forma que eles abrangem a totalidade do Cosmos. Por causa desse poder total e universal, seus discípulos são capazes de ter confiança que seu Senhor está no controle do destino soberano de “todas as coisas no céu e na terra”.
A confiança
Percebemos então que a presença e a autoridade de Jesus fornecem confiança e graça aos crentes de todas as épocas. Esse poder sobrenatural foi certamente a base e a audácia dos discípulos para levar adiante o ministério do seu Senhor por todo o mundo (cf Atos 2.29; 4.13). No entanto, no momento desse pronunciamento, eles ainda não estavam certos da forma e da proporção que essa presença e poder tomariam. O livro de Atos dos Apóstolos demonstrou claramente isso: como, no poder do Espírito, eles foram levados a testemunhar e espalhar a semente do Evangelho até aos confins da terra (cf Atos 1.8; 5.32). Assim, no Espírito Santo e por meio do Espírito Santo, o Cristo ressurreto esteve e estará sempre presente com os seus comissionados e lhes apoiará no cumprimento da sua missão.
Muitos, hoje, como Graig Keener apontam parecer ter-se perdido o senso do propósito da presença e autoridade de Jesus entre eles, que é a total confiança na realização da missão, talvez porque tenham perdido de vista a importância e a urgência da Grande Comissão. A igreja fiel, entretanto, não pode perder a sensação da realidade que o Deus conosco está sempre presente: governando, capacitando, acompanhando e auxiliando os seus discípulos, até mesmo nos seus maiores desafios.
Com essa declaração de sua autoridade e poder, o Senhor Jesus deu aos seus seguidores toda a confiança necessária para desempenharem o seu ofício – que é a responsabilidade de confirmar a fé no seu “Evangelho de todas as épocas”. Certamente, como afirma João Calvino, eles não teriam coragem suficiente, sozinhos, para assumir esse cargo “tão árduo” e com toda essa magnitude. Além disso, nenhum progresso dessa obra seria possível sem esse apoio sobrenatural e imprescindível. Agora eles sabem que seu defensor está sentado no trono, no céu, e que todo o poder nos céus e na terra foi delegado a Ele. Assim sendo, estão conscientes que o seu Mestre está no controle do mundo e que devem seguir firmes e confiantes para obedecer ao seu chamado, enfrentando qualquer forma de oposição.
Cristo confia o seu ministério aos seus seguidores e lhes dá a garantia e a certeza de que eles terão proteção celestial. Essa segurança é dada àqueles que receberam a ordem de prometer a vida eterna oferecida pelo governante soberano, divino e verdadeiro do universo. Essa garantia é apoiada pela autoridade do Monarca, que sustenta e controla o céu e a terra em virtude do seu poder.
As declarações sobre a presença e a autoridade de Jesus na Missão, que as Escrituras nos atestam, devem inspirar coragem e confiança aos crentes de todas as épocas, e assim permitir que a Igreja Triunfante continue no mundo sendo equipada e encorajada para sua grande comissão – uma missão que continuará até a consumação dos séculos. A sua presença e poder na obediência ao chamado oferecerão confiança, segurança, força, paz, alegria e esperança aos discípulos até a aurora final. Cumpramos, portanto, a ordem de fazer discípulos por todas as nações, para a sua glória, até que Ele venha.
Rev. Cláudio Gonçalves
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