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Cipriano de Valera e João Ferreira de Almeida

29/10/2023

Servos ordinários nas mãos de um Deus extraordinário
A história de como Deus usou um “Idoso Espanhol” e um “Jovem Português”"para que o Brasil pudesse ouvir Deus falar em seu próprio idioma.

Quando os apóstolos pregavam no Novo Testamento, seus sermões eram cheios de citações do Antigo Testamento. Em Atos 13 podemos ver, por exemplo, Paulo pregando em Antioquia e citando o Salmo 16 escrito muitos séculos antes pelo rei Davi. A maneira como Paulo descreve a vida do grande rei de Israel nessa passagem é muito interessante. Davi serviu a sua própria geração pela vontade de Deus. Davi, homem segundo o coração de Deus, mas visivelmente “quebrado” por suas limitações, é um exemplo vivo de como um Deus extraordinário usa servos ordinários para a sua própria glória.

No início do século XVI, nascia na pequena vila de Valera la Vieja (Espanha) um homem chamado Cipriano de Valera. Valera foi um dos reformadores espanhóis do século XVI, perseguido pela Inquisição por sua fé em Cristo. Fugiu do monastério de San Isidro para a Genebra de Calvino e, alguns anos depois, foi para a Inglaterra, onde acabaria se casando, servindo como pastor e professor e, enfim, partindo para o Senhor provavelmente no ano de 1606. Seu grande legado foi a edição final da primeira Bíblia em Espanhol “La Bíblia del Oso”.

No exílio, esse servo de Deus começou a escrever livros para ajudar os seus irmãos na Espanha. Já perto do final de sua vida, ou seja, quando já tinha uma idade bastante avançada, ele escreveu “Os dois tratados” que versavam sobre como o governo do Papa e a instituição da missa estavam em dissonância com o ensino da Escritura sobre esses temas. Foi um dos anexos desse livro que por seu teor evangelístico seria transformado posteriormente no folheto “A diferença da cristandade”, que passou a circular na península ibérica como meio de divulgação da fé reformada.

Anos depois, uma cópia desse folheto, por divina providência de um Deus extraordinário, viria a cair nas mãos de um jovem português, nascido em Torre de Tavares, no ano de 1628. João Ferreira de Almeida teve acesso ao “folheto” escrito por Valera, que já tinha morrido décadas antes de seu nascimento. Foi por meio daquelas palavras, escritas muitos anos antes, por alguém que ele não conhecia, que Deus transformou o coração daquele jovem, dando-lhe entendimento da graça salvadora e da necessidade do arrependimento de seus próprios pecados.

Desejando que seus compatriotas de fala portuguesa tivessem a Bíblia em seu próprio idioma, Almeida dedicou anos de sua vida a traduzir a Bíblia ao português, enquanto servia como missionário na Ásia (Indonésia e Siri Lanka). A Bíblia que temos hoje em nossas mãos é fruto do trabalho daquele homem de Deus, um calvinista convicto, um biblista apaixonado, mas sobretudo um servo ordinário.

As histórias de Valera e Almeida nos ensinam algo muito importante sobre como Deus usa pessoas ordinárias com fins extraordinários. Eles “serviram a suas gerações pela vontade de Deus” e, como Davi, foram usados por Deus para a edificação de outros muitos séculos depois. Valera morreu sem saber que uma parte de seus escritos seria um instrumento de Deus para alcançar aquele jovem português, já Almeida morreu sem ver a sua tradução bíblica sendo difundida às nações de língua portuguesa. Não obstante, foi porque Deus usou um Valera e um Almeida, há muitos séculos, que eu e você podemos ler a Palavra de Deus no Português tupiniquim da nossa “terra brasilis”.

Em meio a uma geração em que tantas pessoas buscam ser famosas e extraordinárias, devemos recordar que somos somente “servos ordinários nas mãos de um Deus extraordinário”, e que devemos continuar servindo com fidelidade a “nossa própria geração pela vontade de Deus” sabendo que servimos “Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós” (Efésios 3.20). O Deus que usou um idoso espanhol e um jovem português para que nós, cristãos brasileiros, pudéssemos ouvir Deus falar em nosso próprio idioma continua trabalhando no mundo. Ele quer usar você, e Ele é um Deus extraordinário.

Porque Davi, depois de servir a sua própria geração pela vontade de Deus, adormeceu, foi sepultado com os seus antepassados, e seu corpo se decompôs. Atos 13.36

Rev. Gabriel Neubarth

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