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Somos Cristãos da Sexta da Paixão e do Domingo da Ressurreição

É comum na sexta-feira da paixão, ouvirmos mensagens sobre as sete palavras de Jesus na cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem, enfatizando a sua misericórdia; Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso”, enfatizando a sua salvação; “mulher, eis aí o teu filho, eis aí tua mãe”, enfatizando o seu amor; “Deus meu, Deus meu, por que me desamparastes”, enfatizando o seu abandono na cruz por causa dos nossos pecados”; “Tenho sede”, enfatizando a sua humanidade; “está consumado”, enfatizando a conclusão da sua obra de salvação; “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”, enfatizando sua completa submissão a Deus Pai.

Todavia, ouvimos poucas mensagens sobre as palavras da ressurreição. Assim como os evangelistas fizeram questão de registrar as últimas palavras de Jesus na cruz, também fizeram questão de registrar as suas últimas palavras após a sua ressurreição. Somos cristãos da sexta e do domingo, da cruz e da ressurreição, da morte e da vitória sobre ela. Em Marcos 16.14-15, o evangelista Marcos narra as últimas palavras de Jesus ressurreto aos seus discípulos, que após censurar a incredulidade deles, deu a eles e a nós o desafio da evangelização mundial ou da grande comissão, comum nos quatro evangelhos e em Atos.

Neste artigo quero destacar os desafios que Jesus deixou à sua igreja, no versículo 15. O primeiro desafio é uma ordem a obedecer. Ide e pregai são ordens de Jesus à sua igreja. Ir pelo mundo e pregar o evangelho não é uma opção, algo que podemos obedecer ou não; é uma ordem, que exige uma resposta pronta e imediata de obediência, ainda mais que foi dada por Jesus, o Rei dos reis, o Senhor dos senhores, que venceu a morte e tem todo o poder no céu e na terra, portanto, resta-nos apenas obedecermos.

A ordem foi dada aos discípulos, mas não se limita a eles e ao período deles, pois em Mateus Jesus diz que estará com a igreja a até a sua segunda volta no cumprimento desta ordem. Por isso, a ordem é atemporal, assim como a sua promessa. Ela é para todo o tempo e para toda a igreja, é para mim e para você. Qual tem sido a nossa disposição de obedecer a ordem de Jesus da pregação do evangelho? A obediência é termômetro do amor. Jesus disse: “aquele que me ama guarda (obedece) os meus mandamentos.”

O “ide de Jesus”, envolve deslocamento geográfico, mas também envolve o viver diariamente como um discípulo de Jesus onde estamos, pois esta é ordem principal em Mateus 18.19: “Ide, Portanto, fazei discípulos de todas as nações.” Só podemos dar o que temos. Somente um discípulo de Jesus pode fazer discípulos para ele. Você está seguindo Jesus como seu discípulo, você o ama mais do que tudo. O discípulo de Jesus deseja obedecê-lo em tudo, inclusive na missão, na tarefa de pregar o evangelho com sua vida e palavras.

Além de uma ordem a obedecer, o segundo desafio no versículo 15 é uma mensagem a proclamar. A nossa mensagem não é uma ideologia, uma religião, um código regras ou de condutas, mas o evangelho de Cristo, o evangelho do reino. O que é o evangelho? No sentido mais amplo é todo o desígnio de Deus, todo o seu plano eterno revelado nas Escrituras Sagradas, de Gênesis à Apocalipse, que pode ser resumido da seguinte forma: Deus criou o mundo bom; o homem estragou o mundo bom de Deus e Deus está restaurando o seu mundo através do seu Filho Jesus Cristo. No sentido mais restrito, o evangelho é a boa notícia de que Deus em Cristo salva o pecador e o reconcilia consigo mesmo. É a boa notícia da morte e da ressurreição de Cristo para livrar-nos da ira de Deus por causa dos nossos pecados, que tem como consequência a morte e o inferno. Todavia, “o evangelho é mais do que uma simples mensagem da graça para perdidos. O evangelho de Jesus Cristo apresenta normas para a reordenação de todas as relações humanas; contém a semente de uma nova sociedade.”

No evangelho há uma preocupação com a salvação individual, com conversão e incorporação na igreja, porém, o evangelho nos evangelhos é também as boas novas do reino de Deus, do seu governo soberano sobre todas as áreas da nossa vida. A nossa mensagem é o evangelho do reino; ele não tem a ver somente com a vida futura, mas também com o poder salvífico de Deus no presente, transformando a nossa vida e levando transformação para nossa família e sociedade. Ele é coletivo, presente e público, pois proclama o governo de Deus sobre toda a vida humana. “Não há nenhum centímetro da existência humana que Cristo não diga: “é meu.” O evangelho tem aplicação para todas as áreas da nossa vida e diz respeito a nossa vida privada e pública, espiritual e material, na igreja e no mundo, no ministério na igreja e no exercício da nossa profissão no mundo.

Você compreendeu de fato o que é o evangelho? Já creu nele e tem vivido por ele? Essa é a mensagem da igreja ao mundo: O evangelho de Cristo que exalta a Deus e humilha o homem, fazendo este depender daquele. O evangelho não tem a ver com o que o homem faz, mas com que Deus fez por ele na pessoa do seu Filho Jesus Cristo. O evangelho não é um movimento do homem para Deus, mas de Deus para o homem. Não é uma vida pela força do poder do braço, mas pelo poder do Espírito Santo. É uma vida de vitória contra o pecado, Satanás e o mundo pela vitória de Cristo na cruz do Calvário. Somente uma igreja centrada no evangelho pode compartilhá-lo com o mundo como o apóstolo Paulo, que aos Romanos chamou o evangelho de Cristo como seu evangelho, considerando um devedor dele para judeus e gentios, por isso, estava disposto a anunciá-lo em Roma, na Espanha e onde Deus lhe desse oportunidades.

Já vimos dois desafios deixados por Jesus à sua igreja no versículo 15, primeiro uma ordem a obedecer, segundo uma mensagem a proclamar, agora veremos o terceiro: Um alvo a alcançar. O alcance do evangelho é universal. São todos os povos, todas as nações, toda pessoa, todo o mundo. Em todos os textos da grande comissão, Jesus enfatiza o alcance mundial do evangelho, ele deve ser pregado em todo o mundo. O campo da igreja, ou seja, sua esfera de atuação é o mundo porque a ordem de Jesus tem um escopo universal. Partindo de Jerusalém, os discípulos deveriam sair “até os confins da terra”.

Desde o Antigo Testamento, o propósito redentor de Deus visava às nações da terra. Falando a Abraão, Deus disse: “Em ti serão benditas toas famílias da terra.” Jesus nos mandou pregar a toda a criatura, a todas as nações em todo o mundo ao mesmo tempo. Mesmo uma igreja local tem que ter uma visão global da sua esfera de atuação. Ela trabalha efetivamente para evangelizar e discipular sua comunidade, mas também ora, investe e envia missionários pelo o mundo em obediência ao “Ide de Jesus”. Esta igreja tem compreendido que o mundo todo é o campo da sua esfera de atuação?

Há uma estatística mostrando que dos 16.300 povos da terra, 6.500 são considerados povos não alcançados com o evangelho, seria uma proporção de 37% dos povos da terra que ainda não ouviram falar do evangelho. Falando dos povos indígenas brasileiros, das 340 tribos, 121 são poucos ou não evangelizados, sem contar outros segmentos menos evangelizados como os ribeirinhos, imigrantes, quilombolas, ciganos, sertanejos, ricos e pobres e pessoas com necessidades especiais. O nosso lema deve ser: O evangelho todo para todas as pessoas em todo o mundo pela a igreja toda a fim de que Deus receba toda a glória e louvor pela salvação do seu povo.

Você tem participado desse desafio de alcançar o mundo todo com o evangelho de Cristo Jesus. Nesta tarefa, Deus me chamou para atravessar o oceano, talvez você precise só atravessar a sua rua para pregá-lo ao seu vizinho ou amigo. Alguns são chamados para pregar em outras partes do mundo e nós como igreja devemos orar e apoiar financeiramente estes irmãos. Porém, a maioria de nós somos enviados ao nosso local de trabalho e de estudo como embaixadores do Rei Jesus para anunciar as boas novas do reino de Deus para pecadores presos em seus pecados, medos e idolatrias. A igreja de Antioquia entendeu bem o alcance mundial do evangelho e sua necessidade de expandi-lo no mundo. Ela evangelizou sua cidade e enviou Barnabé e Saulo para evangelizar além das suas fronteiras, sendo uma bênção no seu tempo. Agora é nossa vez, é a vez desta igreja, é a vez da IPB, que já está em 42 países com 260 missionários em 5 continentes. Porém, pelo tamanho e potencial da nossa igreja, podemos enviar no mínimo o dobro desse contingente de missionários pelo mundo. Oremos e nos empenhemos nesta obra missionária.

Jesus obedeceu ao Pai, vindo ao mundo pregar o evangelho a todas as pessoas com quem conviveu. Após ressuscitar, enviou a igreja no poder do Espírito Santo a fim de que pregar o evangelho a toda a criatura em todo o mundo. O que estamos fazendo com a ordem de Jesus: “Ide e pregai o evangelho”? O evangelho é a mensagem principal da nossa pregação? O mundo todo é o alvo a ser alcançado por nós ou no máximo nos contentamos com a nossa cidade? A igreja precisa redescobrir o seu chamado missionário para os dias de hoje, vivendo para a glória de Deus, edificação do corpo e evangelização do mundo. Como dizia um teólogo reformado holandês do século XVII, Voetius: “Não se separa o ser igreja e o fazer missão, visto que em seu entendimento, trata-se de uma só coisa.” Se é igreja, é missionária, é o instrumento para a realização da missão redentora de Deus no mundo.

Como praticar tudo que vimos até aqui? Ore pelos missionários e pelo o avanço do reino de Deus no mundo. Ore pela sua igreja e por vocês para que cada membro seja uma testemunha de Jesus na sua casa, no seu trabalho e escola. Coloque sua vida a disposição do Senhor para que ele te use conforme os dons dados por ele na igreja local, no mundo e quem sabe como um missionário em outro país e em outro lugar do Brasil. Invista no reino de Deus através da fidelidade nos dízimos e generosidade nas ofertas missionárias. Sejam uma igreja acolhedora e ensinadora para com os que se achegam aqui. Sejam exemplo e prepare essas pessoas para viverem e servirem a Deus como discípulos de Jesus no mundo. Procurem crescer na fé cristã, no uso sábio da internet e das mídias sociais para proclamar Cristo e dar um bom testemunho de cristão. Informe-se mais sobre o trabalhe da APMT, leia a revista alcance e mantenha contatos com os missionários, encorajando-os e os convidando para conferências missionárias e visitas as igrejas. Pastores, presbíteros, diáconos e líderes em geral, pastoreiem o rebanho com amor, ensine ele na Palavra de Deus e na visão missionária. Por fim, que Deus nos abençoe e nos dê a graça de glorificar o seu nome e proclamá-lo no mundo. Amém.

Paulo Serafim de Souza

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