
Podemos seguramente dizer que Patrick Hamilton foi uma estrela de primeira grandeza na galáxia dos grandes heróis do cristianismo nos dias da Reforma Protestante. Ele é reconhecido e denominado como “A estrela da manhã da Reforma protestante na Escócia”.
Era escocês, de linhagem real, educado na Universidade de Paris (grau de Mestre – 1520), e muito influenciado pela Reforma de Martinho Lutero. Ao retornar para a Escócia, tornou-se estudante da Universidade de Saint Andrews (1523). O Parlamento Escocês decretou guerra contra a circulação e leitura dos livros de Lutero (1525), e foi nesse tempo que Patrick Hamilton se declarou a favor da Reforma – mais cedo do que de outra forma teria feito (1526).
No ano seguinte (1527) decidiu partir para Wittemberg (Alemanha). O Senhor usou poderosamente um ex-franciscano e professor da Nova Universidade de Marburgo, Francis Lambert, o qual muito o influenciou na vida espiritual e numa visão ardorosa da Reforma Protestante. Ali, durante todo aquele ano de 1527, Deus lhe preparou com uma profunda consciência bíblica e uma ampla visão missionária. No outono daquele mesmo ano retornou para a Escócia, cheio de zelo e ardor missionário, e decidiu no seu coração se entregar e se devotar à causa da pregação do evangelho para a transformação de seu próprio país – a Escócia.
Um catolicismo sombrio dominava a Escócia por quatro séculos, após o Período Celta. Há uma máxima popular que afirma que “A noite é mais densa, mormente quando está próximo o amanhecer”. Antes do alvorecer da Reforma, a Escócia era o país onde mais as trevas imperavam em toda a Europa. Foi nesse ambiente, em 1527, que Patrick Hamilton chegou com uma grande paixão pelas Escrituras e pela causa da Reforma. Era um jovem de apenas 25 anos de idade. Novo demais para uma causa tão grande a sua frente. Mas jovens são instrumentos poderosos nas mãos do Senhor.
Ao retornar para a sua terra natal, Patrick Hamilton começou a pregar poderosamente para seu povo. Tanto as suas pregações, quanto seus ensinos teológicos eram ardorosos e zelosos. Ele começou a impactar o povo escocês de forma extraordinária, tanto pelo ensino e pregação quanto pela sua amabilidade. De forma enganosa foi convidado para pregar na catedral católica de Saint Andrew e passou ali um mês pregando. Era um laço para por fim à sua influência. De imediato, foi acusado perante o Arcebispo James Beaton. Este mandou prendê-lo, o manteve dentro de sua catedral e o condenou como herege. Foi amarrado na estaca e, antes de sua morte, dirigiu-se ao povo e fez um poderoso discurso.
Contando 25 anos, no dia 28 de fevereiro de 1528, Patrick Hamilton foi heroicamente queimado vivo e em público. Sua morte causou um efeito imensurável. O jovem Patrick Hamilton havia passado diante do Senhor horas incontáveis para que ele derramasse seu Santo Espírito sobre a sua nação. Viveu tão pouco tempo, mas seu martírio foi o grande impacto sobre o povo escocês para que Deus pavimentasse o caminho para a transformação daquela nação a partir de então. Um dos expectadores testificou que enquanto a fumaça mal cheirosa de carne viva saia do fogo de seu corpo, e se espalhava no meio da multidão católica e de curiosos que assistiam a sua morte, houve um grande derramar do Espírito de Deus sobre centenas e milhares.
A influência de Patrick Hamilton – por sua vida e morte – fez suscitar um número de outros pregadores da nobreza que, de forma semelhante, sofreram por sua fé. Muitos leigos nobres também surgiram e se despontaram pelo seu trabalho e sofrimentos em prol da Reforma. Por volta de 1540, um bom número de nobres, condes, barões, etc. já havia aceitado a nova fé. A partir do martírio de Patrick Hamilton a causa protestante avançou tão poderosamente que por volta de 1543 “dezoito nobres e senhores já haviam se tornado homens doutos na Palavra de Deus”.
Rev. José João de Paula