
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura.” Marcos 16.15
É comum na sexta-feira da paixão ouvirmos mensagens sobre as sete palavras da cruz. Todavia, ouvimos poucas mensagens sobre as palavras da ressurreição. Assim como os evangelistas fizeram questão de registrar as últimas palavras de Jesus na cruz, também fizeram questão de registrar as suas últimas palavras após a sua ressurreição. Somos cristãos da sexta e do domingo, da cruz e da ressurreição, da morte e da vitória sobre ela. No texto supracitado, o evangelista Marcos narra as últimas palavras de Jesus ressurreto aos seus discípulos, que após censurar a incredulidade deles, deu a eles e a nós o desafio da evangelização mundial ou da grande comissão, comum nos quatro evangelhos e em Atos.
Neste artigo, baseado em Marcos 16.15, gostaria de destacar três desafios que Jesus deixou à sua igreja:
1 – É uma ordem a obedecer
O verbo no imperativo presente expressa uma ordem para obedecermos de forma imediata, urgente e em todo o tempo. Ir pelo mundo e pregar o evangelho não é uma opção, algo que podemos obedecer ou não; é uma ordem, que exige uma resposta pronta e imediata de obediência, ainda mais que foi dada por Jesus, o Rei dos reis, o Senhor dos senhores, que venceu a morte e tem todo o poder no céu e na terra, portanto, resta-nos apenas obedecermos.
A ordem foi dada aos discípulos, mas não se limita a eles e ao período deles, pois em Mateus Jesus diz que estará com a igreja até a sua segunda volta no cumprimento dessa ordem. Por isso, a ordem é atemporal, assim como a sua promessa. Ela é para todo o tempo e para toda a igreja, é para mim e para você. Qual tem sido a nossa disposição de obedecer a ordem de Jesus da pregação do evangelho? A obediência é o termômetro do amor. Jesus disse: “aquele que me ama guarda (obedece) os meus mandamentos.”
Esforçamo-nos para obedecer aos homens, ainda mais devemos nos esforçar para obedecer àquele que é o nosso glorioso Salvador e poderoso Senhor. Deus usou a obediência dos primeiros discípulos, do apóstolo Paulo e de Simonton para que o evangelho chegasse até nós. Agora ele quer usar eu você, ele quer usar a sua igreja na realização da sua missão redentora para com a humanidade. Você já dispôs o seu coração para obedecer ao “Ide de Jesus”, vivendo como um discípulo dele neste mundo, fazendo discípulos para ele e, quem sabe, sendo enviado pela igreja para os campos do Brasil e do mundo?
2 – É uma mensagem a proclamar
A nossa mensagem não é uma ideologia, uma religião, um código regras ou condutas, mas o evangelho de Cristo, o evangelho do reino. O que é o evangelho? No sentido mais amplo é todo o desígnio de Deus, todo o seu plano eterno revelado nas Escrituras Sagradas, de Gênesis à Apocalipse, que pode ser resumido da seguinte forma: Deus criou o mundo bom; o homem estragou o mundo bom de Deus e Deus está restaurando o seu mundo bom através do seu Filho Jesus Cristo. No sentido mais restrito, o evangelho é a boa notícia de que Deus em Cristo salva o pecador e o reconcilia consigo mesmo. É a boa notícia da morte e da ressurreição de Cristo para livrar-nos da ira de Deus por causa dos nossos pecados, que tem como consequência a morte e o inferno. Todavia, “o evangelho é mais do que uma simples mensagem da graça para perdidos. O evangelho de Jesus Cristo apresenta normas para a reordenação de todas as relações humanas; contém a semente de uma nova sociedade”.
O evangelho de Cristo proclama que há um gracioso Salvador, que perdoa os pecados dos homens e os reconcilia com Deus, mas também um glorioso Senhor, que reina sobre tudo e sobre todos, ao qual os homens devem se submeter em todas as áreas de sua vida. O evangelho não separa o Jesus Salvador do Senhor. Jesus não pode ser Salvador sem ser Senhor, ou ele é os dois ou não é nenhum em nossa vida. Hoje há essa tendência de diluir o evangelho, de torná-lo mais palatável ao homem moderno. Porém, não existe um relacionamento pessoal com Jesus sem o reinado dele sobre a vida e nem um reino sem a pessoa de Jesus.
Você compreendeu de fato o que é o evangelho? Já creu nele e tem vivido por ele? Essa é a mensagem da igreja ao mundo: O evangelho de Cristo que exalta a Deus e humilha o homem, fazendo este depender daquele. O evangelho não tem a ver com o que o homem faz, mas com que Deus fez por ele na pessoa do seu Filho Jesus Cristo. O evangelho não é um movimento do homem para Deus, mas de Deus para o homem. Não é uma vida pela força do poder do braço, mas pelo poder do Espírito Santo. É uma vida de vitória contra o pecado, Satanás e o mundo pela vitória de Cristo na cruz do Calvário. Somente uma igreja centrada no evangelho pode compartilhá-lo com o mundo como o apóstolo Paulo, que aos Romanos chamou o evangelho de Cristo de seu evangelho, considerando um devedor dele a judeus e gentios, por isso, estava disposto a anunciá-lo em Roma, na Espanha e onde Deus lhe desse oportunidades.
3 – É um alvo a alcançar
O alcance do evangelho é universal. São todos os povos, todas as nações, toda pessoa, todo o mundo. Em todos os textos da grande comissão, Jesus enfatiza o alcance mundial do evangelho, ele deve ser pregado em todo o mundo. O campo da igreja, ou seja, sua esfera de atuação é o mundo porque a ordem de Jesus tem um escopo universal. Partindo de Jerusalém, os discípulos deveriam sair “até os confins da terra”.
Desde o Antigo Testamento, o propósito redentor de Deus visava às nações da terra. Falando a Abraão, Deus disse: “Em ti serão benditas todas famílias da terra.” Jesus nos mandou pregar a toda a criatura, a todas as nações em todo o mundo ao mesmo tempo. Mesmo uma igreja local tem que ter uma visão global da sua esfera de atuação. Ela trabalha efetivamente para evangelizar e discipular sua comunidade, mas também ora, investe e envia missionários pelo o mundo em obediência ao “Ide de Jesus”. Sua igreja tem compreendido que o mundo todo é o campo da sua esfera de atuação?
Você tem participado desse desafio de alcançar o mundo todo com o evangelho de Cristo Jesus. Nesta tarefa, Deus me chamou para atravessar o oceano, talvez você precise só atravessar a sua rua para pregá-lo ao seu vizinho ou amigo. Alguns são chamados para pregar em outras partes do mundo e nós como igreja devemos orar e apoiar financeiramente estes irmãos. Porém, a maioria de nós somos enviados ao nosso local de trabalho e de estudo como embaixadores do Rei Jesus para anunciar as boas novas do reino de Deus para pecadores presos em seus pecados, medos e idolatrias. A igreja de Antioquia entendeu bem o alcance mundial do evangelho e sua necessidade de expandi-lo no mundo. Ela evangelizou sua cidade e enviou Barnabé e Saulo para evangelizar além das suas fronteiras, sendo uma bênção no seu tempo. Agora é nossa vez, é a vez da sua igreja, é a vez da IPB, que já está em 42 países com 270 missionários em 5 continentes. Porém, pelo tamanho e potencial da nossa igreja, podemos enviar, no mínimo, o dobro através da APMT.
Como palavras de conclusão, podemos dizer o seguinte: Jesus obedeceu ao Pai, vindo ao mundo pregar o evangelho a todas as pessoas com quem conviveu. Após ressuscitar, enviou a igreja no poder do Espírito Santo a fim de pregar o evangelho a toda a criatura em todo o mundo. O que estamos fazendo com a ordem de Jesus: “Ide e pregai o evangelho?” O evangelho é a mensagem principal da nossa pregação? O mundo todo é o alvo a ser alcançado por nós ou no máximo nos contentamos com a nossa cidade? A igreja precisa redescobrir o seu chamado missionário para os dias de hoje, vivendo para a glória de Deus, edificação do corpo de Cristo e evangelização do mundo. Como dizia Voetius, um teólogo reformado holandês do século XVI: “Não se separa o ser igreja e o fazer missão, visto que em seu entendimento, trata-se de uma só coisa.” Se é igreja, é missionária, é o instrumento para a realização da missão redentora de Deus no mundo.
Rev. Paulo Serafim