Lausanne 4 em Seul
03/02/2025
Billy Graham, o maior evangelista da história contemporânea, juntamente com o pastor e teólogo inglês Sir John Stott, e outros líderes mundiais de renome promoveram no ano de 1974 em Lausanne, na Suíça, o Congresso Internacional de Evangelização Mundial com mais de 2.400 pessoas provenientes de 150 países, dando início ao “Movimento de Lausanne”, o mais influente movimento mundial de missões evangélicas. O tema foi: “Que a terra ouça a voz de Deus”. Esse encontro gerou um importante documento que ficou conhecido como “Pacto de Lausanne”.
O segundo Lausanne aconteceu em Manila, nas Filipinas, em 1989, com mais de 4.300 congressistas de mais de 170 países, tendo como tema “O evangelho para o mundo”. O terceiro encontro ocorreu em 2010 na Cidade do Cabo, na África do Sul, com aproximadamente 4.000 pessoas de mais de 200 países, e o tema foi “Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo”.
Em setembro de 2024, em Seul, Coreia do Sul, mais de 5.000 congressistas debateram o tema “Que a igreja anuncie e demonstre Cristo, unida”. Houve uma participação expressiva de brasileiros, cerca de 150 pessoas, e a APMT foi representada por sete missionários.

Nas manhãs, a abordagem focava em devocionais, tendo como parâmetro o livro do Atos dos Apóstolos: não pode haver missão sem o revestimento do poder do Espírito Santo, como também sem o arrependimento, que gera a conversão por obra do Espírito Santo. Os testemunhos foram um dos pontos altos. Vimos e ouvimos aqueles que lutam pela causa do Senhor em lugares do planeta nos quais é mais difícil para um discípulo de Cristo sobreviver e manter a sua fé. Soubemos de muitos que pagaram com sua própria vida pela causa do evangelho e ouvimos testemunhos de perseverança, resiliência e dedicação a Jesus.
Nas reflexões em plenárias e nas discussões em grupo destacou-se uma preocupação profunda de como a igreja poderia cumprir o seu papel para amplificar uma cosmovisão bíblica sólida entre os seus membros. A crítica apontada foi a de que nos últimos anos a igreja tem negligenciado o seu papel discipulador profundo, que é a mola propulsora para todas as esferas da vida. Constatou-se ampla falta de aprofundamento teológico frente aos desafios culturais e sociais, de uma sociedade que está se distanciando de Deus.
A lacuna que a igreja está deixando, em não levar os cristãos ao verdadeiro conhecimento de Deus, está abrindo espaço para o crescimento de ideologias antibíblicas, que parecem conter certo “tom” cristão para alguns, mas que distorcem o verdadeiro evangelho. Só temos um caminho para reverter o quadro que está sendo desenhado na história recente da igreja: o homem se voltar para Deus sob os valores de sua Palavra, para contrapor as novas e nefastas ideologias.
Diante dos desafios apontados pelos expositores nas plenárias e nos workshops, ficou evidente que para haver mudanças substanciais frente à realidade atual, a igreja deve convergir seus esforços para anunciar e demonstrar a Cristo unida. Com a diversidade de igrejas e denominações, de líderes proeminentes de várias vertentes teológicas, reunidos num movimento da magnitude do Lausanne, com sua influência global, não há como esperar que todos tenham os mesmos pressupostos da nossa teologia reformada tão cara à IPB. Nós temos o nosso diferencial dentro de nossas convicções confessionais, que norteia nossos passos na direção dos valores da missão de Deus de estender a sua glória ao mundo, e esse para nós é um ponto inegociável.
A dinâmica dos horários dos workshops não permitiu participarmos de vários seminários dentro de outras áreas de interesse. Estabeleci como foco pessoal um tema que tem crescido ao redor do mundo que é o “Movimento de Pessoas”. A nossa geração está vivendo uma das maiores movimentações globais da História, tendo o mundo se tornado uma grande planície em que as fronteiras “caíram” por causa de inúmeros fatores: conflitos bélicos, perseguição religiosa, limpeza étnica, pobreza extrema, mudanças climáticas, condições econômicas, governos autoritários, fome, entre muitas outras realidades. Foi enriquecedor participar do debate que nos levou a uma reflexão sobre como a igreja deve lidar com essa realidade. Como IPB, temos orado no decorrer dos anos para que o Senhor levante pessoas para irem até aos confins da terra. Hoje, os confins da terra estão entre nós, à nossa porta.
Temos caminhado, como igreja, muitas vezes com ações assistencialistas, e essa não é a direção certa. Claro que as diásporas que estão a nossa volta necessitam de auxílio diante das suas grandes necessidades, como fome, falta de moradia, de documentos, desemprego, dificuldade de falar a língua local, entre outros, o que dificulta a integração na sociedade. Não podemos fechar os nossos olhos, como cristãos, diante desse cenário, pois o nosso caráter deve refletir a glória de Deus em ações para o alívio do sofrimento humano também. Entretanto, simultaneamente, não podemos esquecer que o melhor presente que podemos dar a alguém é a mensagem redentora do evangelho de Cristo Jesus.
Percebo que Deus, em sua soberania, está movimentando nações de modo surpreendente, por isso devemos pensar de uma maneira diferenciada, como denominação, e ampliar os nossos horizontes para olhar para o mundo na perspectiva do Senhor, diante de pessoas que necessitam desesperadamente do evangelho, exaustas e famintas, por ainda não terem o verdadeiro e único Pastor que lhes pode acolher e dar esperança.
A IPB pode e deve ser uma força catalisadora ante as diásporas globais em constante movimento, mantendo-se firme em seu papel de proclamar a mensagem do reino de Deus.
Esta reflexão, ainda embrionária sobre o tema, deve nos encorajar e nos motivar a orar, apoiar e investir com toda a nossa força denominacional para que, unidos, estabeleçamos um Holding incubador para uma maior efetividade e intencionalidade no cumprimento da missão de Deus ao mundo.
Rev. Marcos Agripino
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