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A missão pelo testemunho de um mártir

01/11/2025

Quanto mais próximos do coração de Jesus estivermos, mais envolvidos com o avanço do Reino seremos. É ingênuo pensar que uma profunda sintonia com o coração de Jesus está dissociada do movimento missionário, pois foi o próprio Jesus quem nos chamou a fazer discípulos de todas as nações. O Espírito Santo é a pessoa da Trindade que nos conecta com o coração de Jesus e nos transforma cada vez mais à imagem d’Ele. Jesus nos deixou o seu Espírito Santo para que através do poder d’Ele pudéssemos ser testemunhas até aos confins da Terra.

Certamente você conhece Estevão. Esse foi um dos sete diáconos eleitos pela Igreja Primitiva e, também, o primeiro mártir da fé cristã. Quando lemos Atos 6 vemos que dos requisitos exigidos para que fosse exercida a função de diácono, um deles é que fossem homens cheios do Espírito Santo. Vale a pena notar que ao mencionar Estevão entre esses irmãos, Lucas dá ênfase a essa caraterística na vida de Estevão fazendo menção deste detalhe, “...homem cheio de fé e do Espírito Santo...”. Logo após falar de sua eleição, Lucas nos passa a contar sobre o ministério e o martírio de Estevão.

Uma pergunta que poderíamos fazer aqui é: o que significa ser cheio do Espírito Santo? Outros textos podem nos ajudar na compreensão dessa condição. Vejamos Efésios 5.18 “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito...” Nesse versículo, Paulo estabelece um contraste para que possamos entender o que ele quer dizer com “ser cheio do Espírito Santo”. A comunidade de Éfeso sabia, pelo exemplo de seu próprio contexto, que se embriagar com vinho levava as pessoas a um descontrole psíquico e emocional, trazendo desordem e, muitas vezes, destruição. Ao contrário disso, os resultados do “enchei-vos do Espírito Santo” eram ordem, controle, edificação e bênção. Outro texto interessante para nossa reflexão aqui é Gálatas 5.16 e 22-23. Esses textos são majestosos e claros. Neles, Paulo nos diz: “Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. (...) Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio.” Aqui Paulo acrescenta que a presença do Espírito Santo em nós nos preserva dos descontroles viciantes e destrutivos da carne para uma conduta agradável, saudável e abençoadora.

Como já falamos, Estevão foi um homem cheio do Espírito Santo. Isso significa que sua vida era controlada pela presença e poder do Espírito Santo atuando nele. Não temos muitas informações sobre como foi a vida de Estevão à parte dos capítulos 6 e 7 de Atos. Em tais capítulos, nós podemos ver como a vida de Estevão foi influenciada pelo governo do Espírito Santo em seu coração. Além de ser um diácono da Igreja Primitiva, Estevão também foi um evangelista proclamando a mensagem de salvação. Estevão entendeu que o seu chamado ia além de somente cumprir com as suas responsabilidades na comunidade local, para edificação do corpo de Cristo. Como discípulo de Jesus, ele entendeu que deveria cumprir com a missão que foi entregue àqueles que andam com Jesus: proclamar o Evangelho, fazendo novos discípulos.

Em razão de seu ministério, Estevão foi perseguido e levado ao Sinédrio, onde deu seu testemunho de fé pautado nas Escrituras. Não contentes com as palavras de Estevão, seus algozes o levaram para fora da cidade e o apedrejaram até a morte. Diante dos ataques a ele, Estevão, cheio do Espírito Santo, fez três declarações: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, em pé à destra de Deus”, “Senhor Jesus recebe o meu espírito!” e “Senhor, não lhes imputes este pecado!”. Nessas três declarações, podemos ver três pilares da Missão da Igreja.

Primeiro, “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, em pé à destra de Deus”. Jesus está à destra do Pai. Essa visão, que foi para Estevão confortadora e fortalecedora, é também motivadora, pois o mesmo Jesus que nos enviou e nos receberá de volta nos seus braços é Senhor do Universo, da História e da Missão. Ele nos chamou no seu amor para estarmos com Ele, para segui-lo e levar adiante o seu ministério. Ele nos usará no lugar que Ele quiser, como Ele quiser e até quando Ele entender que seja a hora de voltarmos para casa. Jesus está ali recebendo Estevão porque já era tempo. Talvez pensemos que essa situação vivida por Estevão poderia ter sido evitada. Imaginamos que talvez tenha sido um desperdício a precoce morte dele, pois quantas coisas mais aquele irmão cheio do Espírito Santo poderia ter feito? Porém o Senhor se agradou de tomá-lo para si naquele momento. Estêvão, tomado pelo poder do Espírito Santo, se submeteu ao Senhorio de Cristo, cumpriu com o seu ministério e partiu com o testemunho de ter sido um homem guiado pelo Espírito de Cristo. Jesus é o Senhor de nossas vidas. Ele é o Senhor da Missão. Ele determina os movimentos da missão e requisita os que Ele julgar convenientes segundo a sua sabedoria e providência. A missão só será feita quando reconhecermos a Jesus como o nosso Senhor absoluto. Ele determina onde, como, quando e até quando estaremos envolvidos com ela. Isso foi evidente na vida de Estevão. Vejamos a segunda declaração.

“Senhor Jesus recebe o meu espírito!”. Com os olhos em Cristo, Estevão declara a quem ele pertence. A convicção de pertencer a Jesus determina como deve ser a nossa vida e qual deve ser o nosso engajamento na missão. Essas palavras foram também as palavras de Jesus dirigidas ao Pai quando estava na cruz. Jesus se entregou plenamente à vontade do Pai. Com essas palavras Estêvão está demonstrando a sua total confiança naquele que é o seu possuidor. Ele serviu ao Senhor entregando-se totalmente, ao ponto de se submeter à morte pela causa do Reino de Cristo. Estêvão não queria estar nas mãos de nenhum outro que não fosse aquele por quem ele viveu e por quem ele agora está morrendo. Jesus foi capaz de dar a vida por Estêvão para que Estêvão fosse encontrado digno de ser instrumento nas mãos d’Ele para pregar a outros pelos quais Jesus também morreu. O engajamento na missão deve ser o resultado da compreensão de que nós pertencemos a Jesus e, portanto, o melhor lugar para estar é dentro da vontade do nosso possuidor, ainda que isso custe as nossas vidas. Fomos comprados pelo preço do sangue de Jesus e temos a promessa de que Ele sempre estará conosco, e de que sempre nos terá em suas mãos enquanto cumprimos com o seu chamado de fazer discípulos de todas as nações. Se como Estêvão temos plena convicção de que pertencemos a Jesus e não a nós mesmos, viveremos e morreremos fazendo a Sua vontade na segura expectativa de que seremos recebidos em seus braços. Vejamos a terceira declaração.

“Senhor, não lhes imputes este pecado!” As últimas palavras de Estevão revelam como o coração dele estava em uma profunda conexão com o coração de Jesus. Jesus também intercedeu pelos seus algozes, olhando-os com misericórdia, pois eles não sabiam o que estavam fazendo. Mesmo sendo violentamente apedrejado, Estêvão olhou para aqueles homens com os olhos de Jesus. Ele exerceu misericórdia intercedendo por aqueles que agiam contra ele injustamente. Estêvão, cheio do Espírito Santo, entendia que um homem sem Jesus está em completas trevas, totalmente cego e dominado pelo pecado que o escraviza e o leva a cometer tais atrocidades. Estêvão sabia que o pecador jamais caminhará até Cristo por vontade própria, por essa razão a sua intercessão em favor deles foi com base em sua própria experiência de ter vivido daquela maneira, antes de conhecer a Cristo. Sabemos que a intercessão de Estêvão alcançou pelo menos um dos que estavam presentes ali. Aquele a quem conhecemos como Paulo. A missão não acontece se não olharmos para as pessoas com os olhos de Cristo, ou seja, olhos de misericórdia. Jesus teve compaixão de mim e de você e, em sua misericórdia, veio até nós através do Evangelho pregado pelos seus comissionados, homens e mulheres que reconheceram o Senhorio d’Ele e se renderam a sua vontade tornando-se sua propriedade, pois, antes, éramos escravos que necessitavam libertação.

A missão requer de nós que busquemos ser cheios do Espírito Santo, pois é Ele que nos abre os corações para que compreendamos cada vez mais o Senhorio de Cristo, a vontade de Cristo e a Misericórdia de Cristo. O compromisso com o Senhorio de Cristo e a submissão à Vontade de Cristo, somados à Misericórdia de Cristo pelos perdidos são uma boa receita do Espírito Santo para que não cessemos de fazer missões. Quanto mais cheios do Espírito Santo, mais submissos a Cristo e a sua vontade seremos, e assim mais envolvidos com a obra missionária estaremos.

Rev. Egimar Ribeiro

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