Logo APMT
Logo APMT

Servo e Apóstolo do Senhor Jesus

21/02/2025

Normalmente, olhamos para Missões do ponto de vista de Deus, da Sua vontade e da Sua visão. Ou ainda do ponto de vista do Campo: a necessidade do mundo perdido sem o conhecimento do Evangelho. Também estudamos Missões do ponto de vista da Igreja, agente de Deus para alcançar tribos e povos até aos confins da terra.

Gostaria, entretanto, de convidá-los a analisar Missões do ponto de vista do mensageiro: o missionário, sua vida, seus traumas, medos, conflitos, angústias, perplexidades e sonhos.

Quando pensamos em missionários como Paulo, Agostinho, Simonton e Carey os imaginamos como heróis que ultrapassaram barreiras para fazer o nome de Jesus conhecido. Gostaria neste momento de observar a vida de Paulo, analisando sua existência como homem – suas lutas pessoais, os sonhos do seu coração e as respostas que achou em Deus – e não puramente seu ministério. Minha oração é que a vida de Paulo seja um exemplo de fé e dependência do Senhor para todos nós.

O texto de Romanos 1:1-5 introduz a carta com um claro paradoxo: “Servo... chamado para ser Apóstolo”. ‘Apóstolo’ era o título mais alto, mais reconhecido na Igreja do primeiro século, mas Paulo se apresenta como um “servo” que era “apóstolo”. Essa auto-apresentação dá o tom de toda a carta. É possível ser servo sem ser chamado para o apostolado, mas parece que não há apóstolos que não sejam servos.

No v.2 Paulo afirma que seu apostolado fora prometido por Deus (Deus tem o controle sobre sua vida). No v.3 ele diz que Jesus, em Carne, é o centro da sua vida e aspirações. No v.4 ele declara o Senhorio de Jesus. No v.5 ele diz que em Jesus viemos receber primeiramente graça, depois apostolado, e isso com uma finalidade de vida: obediência por fé.

A Vida de Paulo é uma apologia sobre o Verdadeiro Cristianismo e contra a Falsa Religiosidade.

Afirma que não somos, como Igreja, resultado de um conjunto de ritos, costumes, cânticos, leituras, orações, palavras e atitudes. É necessário novo nascimento, vida com Deus, o caráter de Cristo em nós, perseverança na fé. É necessário termos vida e não apenas credo.

Gostaria que identificássemos algumas verdades na vida de Paulo, esse homem de Deus, ao longo da sua biografia.

Deus fez de Paulo um servo antes de fazê-lo um apóstolo

A preocupação de Deus a respeito de Paulo era Paulo, em primeiro lugar. Deus queria fazer dele um servo e não simplesmente uma máquina de plantar igrejas.

A respeito da sua e da minha vida, Deus está muito mais preocupado com o forjar do caráter de Cristo em nosso coração do que com o ministério que possamos ter na igreja local. Deus quer gerar entre nós um povo santo que se chama pelo seu nome.

Vejamos a jornada de Paulo:

• De perseguidor transforma-se em perseguido tendo uma visão de Jesus na estrada de Damasco;
• Ficou cego temporariamente tendo que pedir para ser curado;
• De Damasco partiu para a região da Arábia onde permaneceu por três anos revendo a sua teologia e sua forma de entender o Deus de Abraão;
• Após conhecer quem é Jesus viu-se preparado para pregar o evangelho, mas verdadeiramente não estava;
• Prega em Damasco mas é perseguido e tem que fugir;
• Vai para Jerusalém, onde estavam os apóstolos. Lá pensou que seria aceito, mas não foi. Duvidaram dele e foi rejeitado;
• Barnabé o abraçou e investiu em sua vida;
• Paulo se anima e faz um projeto para evangelizar Jerusalém. Seus sonhos são grandiosos;
• Mas Deus não aprova seus sonhos, aparece a ele e dispensa a sua obra. Manda que arrume as malas e parta;
• Vai então para Tarso onde permanece no anonimato por 10 anos, aproximadamente, de molho, longe dos acontecimentos, sem ministério;
• Deus retira a sua vaidade, orgulho, intemperança;
• Um grande avivamento tem início em Antioquia. Barnabé o chama e quando o encontra, encontra agora não mais um homem parcial, radicalizado em suas ideias, mas um servo.
• De lá Paulo é enviado para os gentios. Chegara o momento. Deus não deseja uma Igreja caiada, masca-rada, teatralizada, disforme, que crê nas maravilhas do Alto sem experimentar o caráter de Cristo.

Uma vida na vontade de Deus não isenta o crente das provações

Paulo, por várias vezes, enfatizou que há para a Igreja uma promessa de capacitação espiritual, de revestimento de autoridade e poder espiritual. Entretanto qual é a limitação dessa autoridade? Em sua teologia e vida, Paulo respondeu que a autoridade espiritual do crente está limitada pela visão, vontade e caminho do Senhor.

Somos revestidos de autoridade espiritual apenas para fazer aquilo que o nosso Deus deseja, não para satisfazer nosso ego, luxúrias, carnalidades e vontades pessoais. A Igreja de Cristo hoje tem confundido capacitação espiritual com prosperidade. Entretanto, a capacitação espiritual não isenta o crente das provações. Vejamos mais uma vez a experiência de Paulo quando, saindo de Antioquia, realizava a vontade de Deus.

Em sua primeira viagem missionária, ele experimenta uma tempestade que quase o mata; mas ele persevera, na autoridade do Senhor. Na segunda viagem missionária, ele queria ir para a Ásia mas Deus o envia para a Europa, e ele persevera em submissão ao Senhor. Em Filipos ele é açoitado em praça pública, trancado em uma prisão, mas à meia noite ele persevera louvando ao Senhor. Em Tessalônica é perseguido. Parte para Beréia onde é severamente ameaçado. Chega em Atenas e o chamam de tagarela. Vai para Corinto e o acusam de impostor. Já mais velho, na terceira viagem missionária, recolhe ofertas para ajudar os irmãos na Judéia, entretanto, chegando a Jerusalém, o povo o esperava com cadeias e prisões. Acusado pelos próprios judeus, apela para Roma, pois ali Deus o queria. Mas não vai como missionário, e sim como prisioneiro. Chega em cadeias e não em glórias. Mesmo fazendo a vontade de Deus, a viagem foi terrível e durante 14 dias o navio foi açoitado por uma terrível tempestade. Náufrago na Ilha de Malta, foi picado por uma víbora que quase o matou. Chega em Roma onde espera a qualquer momento o seu martírio.

Um homem, sem dúvida, revestido de autoridade do Alto, entretanto autoridade limitada pela visão de Deus! Autoridade, antes de mais nada, para, tanto na prosperidade quanto no sofrimento, glorificar o Nome do nosso Deus.

A paz de Deus transpõe a transitória ansiedade do homem

Uma das maiores características de Paulo é que no meio dessas adversidades ele vivia em paz com Deus, e não com seu coração cheio de ansiedade como se poderia esperar. A ansiedade é um sentimento de apreensão, mal estar, tédio, preocupações, angústia e medo. Paulo possuía todos os motivos humanos imagináveis para andar ansioso, entretanto na carta aos Filipenses 4.6 ele diz: “Não andeis ansiosos por coisa alguma”. O verbo “ansiar” aqui é o mesmo verbo usado para o ato de várias pessoas segurarem um pano, puxarem-no em direções opostas até que se rasgue e se transforme em farrapos. Essa é a ideia de ansiedade: pessoas pressionadas em várias direções até chegarem ao estado de farrapos humanos.

Tratando dessa realidade na vida do crente, aos Filipenses, ele continuando afirmando que contra a ansiedade precisamos orar, suplicar e agradecer. Parece-me que a oração era o fator de equilíbrio na vida de Paulo. A oração impõe dependência do Senhor sobre nossas vidas, emoções, planos e sonhos. Ensinanos a viver nos limites de Deus, a irmos até onde vai a visão de Deus. Não permanecermos parados de maneira tímida ou teimosa quando Deus nos ensina que é necessário seguir em frente, mas também nos ensina a pararmos quando Deus para. A não ultrapassarmos os limites do Senhor, não irmos alem da visão de Deus para nós. Nem toda visão de um homem de Deus é necessariamente visão de Deus. Entretanto a verdadeira visão de Deus nos levará a, apóstolos ou não, sermos fiéis servos do nosso Senhor Jesus Cristo.

Rev. Ronaldo Lidório

Publicações recentes:

Rev. Denilson e Ivanilde

Cartas de Missionários

Cultura: Diferenças ou Superioridade?

Artigos

Rev. Gustavo e Sarah

Cartas de Missionários

Hidi

Cartas de Missionários