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Margaret e Minka - Arautos de Vida

28/08/2023

Durante a COVID-19, vimos surgir o ato heroico e sacrificial de milhares de profissionais de saúde que doaram suas vidas no front dessa batalha para garantir assistência médica a tantos enfermos ao redor do mundo. A Igreja de Cristo sempre foi marcada pelo serviço de assistência médica em toda sua história, desde seu nascedouro, assim, muitos missionários se lançaram ao trabalho de evangelismo e discipulado por meio dessa ferramenta, que ganhou tanto destaque para nossa geração, nos últimos dois anos, por causa dessa pandemia. Há uma nuvem de testemunhas de missionários da área da saúde e eu quero trazer à lembrança duas dessas corajosas mulheres, Margaret e Minka, porque elas são vidas que inspiram.

Pol Pot (1925-1998) foi um ditador comunista no Camboja, líder do “Khmer Vermelho”, um governo que assassinou um quarto da sua população. Foi um regime cruel e sanguinário, que deixou marcas profundas no povo até os dias de hoje. Antes de seu governo ser derrubado, em 1979, pelo Vietnã, a Tailândia (antigo Sião) sofria as pressões e ataques desses dois países e também recebia um número enorme de refugiados vietnamitas e cambojanos. Por tudo isso, não é difícil concordar com Michael e Sharon Rusten, quando eles escreveram que “a Tailândia era um lugar difícil para ser missionário em 1974”. Pois foi nesse contexto, de violência e miséria profundas, envolvendo a região de fronteira do Camboja, Laos e Tailândia, que se deu a heroica história dessas duas missionárias, a britânica Margaret Morgan e a holandesa, naturalizada neozelandesa, Minka Hanskamp. Elas eram enfermeiras trabalhando pela OMF (Overseas Mission Fellowship), num hospital cristão. Quem fundou a OMF foi o conhecido missionário James Hudson Taylor (1832-1905), em 25 de junho de 1865. Ela surgiu como a “Missão para o Interior da China”, mudando seu nome para OMF em 1964, que foi quando a Missão se abriu para ter obreiros missionários do próprio Sudeste Asiático e fazer parceria com as igrejas cristãs locais.

A Guerra do Vietnã já se arrastava por quase 20 anos, e só terminaria no ano seguinte, em 1975. Minka já trabalhava no sul da Tailândia há 16 anos e Margaret, há 9 anos. Especialmente, elas trabalhavam no tratamento dos leprosos e isso envolvia cortar a carne apodrecida, tratar as feridas que exalavam um cheiro horrível e também lavar os pés de muitos leprosos. Em 20 de abril de 1974, elas foram chamadas para o sul da Tailândia, para tratar os pacientes que lá se encontravam, contudo era uma armadilha. Dez dias depois, o representante da OMF recebeu duas cartas, uma das missionárias e a outra dos sequestradores que eram muçulmanos. Eles exigiam meio milhão de dólares como resgate e também que a OMF enviasse uma carta a Israel em favor dos direitos dos palestinos. Na carta das missionárias, ambas afirmavam que haviam sido sequestradas pelas pessoas da selva, mas que elas estavam bem. Num dos momentos mais delicados da história da OMF, era preciso tomar uma decisão.

A história de Minka e Margaret, que parece tão distante de nós brasileiros, se aproxima dramaticamente, especialmente dos leitores presbiterianos, pois Minka era a irmã mais velha da esposa do Rev. Frans Leonard Schalkwijk.

Deixo aqui as palavras dele: “Uns seis meses se passaram com umas notícias breves. No que provou ser a última cartinha, a Minka citou Habacuque: ‘Ainda que a figueira não floresça,... todavia eu me alegro no Senhor’ (Hc 3.17-19). Depois, houve meio ano de profundo silêncio, até que um telefonema da Nova Zelândia nos informou que os restos mortais das moças tinham sido encontrados; morreram com uma bala na nuca. Quando foram sepultadas, ao lado do hospital da Missão em Saiburi, muitas moças da nação Thai se apresentaram para servir na enfermagem, o que nunca tinha acontecido antes. Anos depois, um dos guerrilheiros contou que seu grupo tinha ficado impressionado com a paz que elas tinham, quando souberam que iam ser mortas. Somente pediram licença para lerem a Bíblia e orarem”.

Margaret e Minka foram martirizadas, mas proclamaram o evangelho de Jesus no sudeste asiático. Elas foram “arautos de vida”. Ore para que você também seja um arauto do Evangelho, com a sua vida, a serviço do próximo, para a glória de Deus!

Rev. Fábio Ribas

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