
Que difícil é aceitar a morte dos nossos entes queridos. O choro e a expressão da profunda tristeza da alma parecem não ter fim. O próprio Jesus chorou ao saber da morte do seu amigo Lázaro (Jo 11.35). Estamos vivendo um tempo de muito choro ao redor do mundo. Muitas vidas estão sendo ceifadas nesta pandemia provocada pelo Covid-19.
No dia 31 de março, mais um valente do Senhor foi recolhido para a glória eterna. Foi o dia em que recebemos a triste notícia do falecimento do querido Presbítero Azor Ferreira, mais uma vítima do Covid-19, que evoluiu para um AVC. Ele ficou internado no Hospital Oswaldo Cruz, onde faleceu, mesmo com todos os cuidados e atendimentos médicos necessários.
O Pb. Azor Ferreira nasceu no dia 13 de dezembro de 1932, na cidade de Catanduva, São Paulo. Foi o segundo filho de quatro irmãos vivos (dois morreram ainda crianças) do Sr. Policarpo Ezequiel Ferreira e Dona Teresa de Oliveira. O Casal conheceu a Cristo e criou os filhos no temor do Senhor.
Uma das experiências que marcou muito a vida do Pb. Azor, e plantou a sementinha da paixão pela obra missionária, foi inculcada pela sua mãe, dona Teresa, uma mulher sábia, obediente e que amava a obra do Senhor. Ele conta no seu livro “Memórias de um Semeador” a experiência da “Galinha Missionária” (pág. 30-33). A igreja que eles frequentavam fez uma Campanha de cofrinhos para ofertas missionárias, que seriam entregues nas datas marcadas. Como a família era de escassos recursos financeiros, a mãe, com muita sabedoria, separou uma galinha e a chamou de “Galinha Missionária”. Todo ovo dessa galinha era separado e quando vendido ia para o cofrinho. Isso também acontecia com os frangos chocados pela galinha. O Azor era o encarregado de cuidar da galinha, dos ovos, dos pintinhos, da venda e da entrega da oferta na igreja, o que o deixava muito feliz por entender que estava fazendo parte da obra missionária.
Essa experiência impactou toda sua trajetória missionária e sua atuação eclesiástica, fazendo-o tornar-se um ícone missionário na IPB, e ele chega a ser reconhecido como “o Pai das Missões contemporâneas da IPB”.
Já adulto, e por onde passava, sempre trabalhou e mobilizou as igrejas para abrirem os corações e se envolverem na obra missionária perto e longe. Ele se tornou membro da IP Penha, em São Paulo, em 1965, onde também foi ordenado Diácono e, desde 1975, passou a servir como Presbítero, um homem reconhecido por pastorear as pessoas juntamente com o Pastor da igreja.
O Pb. Azor ocupou vários cargos que lhe foram conferidos pela igreja local, chegando a ser Presidente da UPH – União Presbiteriana de Homens. Também foi Presidente Federação da UPH Leste Paulistano, onde promovia desafios para que as igrejas se envolvessem e cooperassem com a Obra Missionária. Uma das atividades promovidas foi a “Corrida do Boi”. Era uma corrida que juntava todas as igrejas e o vencedor ganhava um Boi. Ele sempre amou confraternizações! O ajuntamento do povo lhe trazia alegria e satisfação.
Também foi membro da JMN – Junta de Missões Nacionais de 1982 a 1985, e desde 1986 seu maior envolvimento foi nas missões transculturais. Ele tinha um micro-ônibus que usava para fazer evangelismo e chegou até a levar um grupo de jovens ao Paraguai, em janeiro de 1988, onde por um mês evangelizaram várias cidades do país.
Ele amava muito a obra missionária e sempre falava: “Eu amo a obra missionária, porque sem ela eu não seria feliz”. Azor reconhecia que era feliz porque conhecia a Jesus, porque era fruto da obra missionária e queria que o mundo todo conhecesse a Jesus.
Na sua gestão como membro da diretoria e na presidência da Junta de Missões Estrangeiras, enfrentou muitas oposições de lideranças eclesiásticas da época, que não entendiam a necessidade de a igreja local se envolver e investir financeiramente em missões, mas ele perseverou e a JME/APMT passou de duas famílias missionárias em seu início, para mais de 270 missionários hoje ao redor do mundo.
Azor Ferreira foi recolhido para a pátria celestial que tanto almejava e pregava, deixando uma agenda cheia de compromissos, e o sonho de comprar uma “Van Missionária” para encher de gente novamente, e sair pelas cidades e pelos países vizinhos pregando o Evangelho.
Que sua vida e sua paixão por Jesus Cristo nos inspirem e motivem a continuarmos pregando o Evangelho a toda criatura.
“E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações, então virá o fim”(Mt. 24.14).
Emma Castro